O Canal Rural completa 29 anos de história e, com ele, o agronegócio brasileiro celebra um dos seus principais aliados. Desde o começo, o Canal entendeu algo que muitas vezes Brasília demora a enxergar: o campo precisa ser ouvido todos os dias. Não apenas quando há crise, safra recorde ou eleição. Precisa ser ouvido quando falta crédito, quando o clima virá, quando a sanidade animal e vegetal do país é ameaçada, quando o produtor familiar precisa de orientação.
Falo com propriedade porque estou nessa estrada como comentarista há pouco mais de duas décadas. Nesse período, vi o Canal Rural crescer, modernizar sua programação, entrar no digital, apostar em multiplataformas e, ao mesmo tempo, manter o que o tornou referência: dar espaço ao pequeno produtor. O agricultor familiar, o pecuarista do interior, o cooperado — todos sempre tiveram um lugar no Canal. E isso não é detalhe: é linha editorial.
A evolução do agro brasileiro foi impressionante. Máquinas conectadas, genética avançada, integração lavoura-pecuária, rastreabilidade, crédito estruturado. E o Canal caminhou junto. Um ponto decisivo dessa evolução foi a meteorologia agrícola. Hoje, em um cenário de extremos climáticos, com estiagens severas, chuvas fora de época e eventos cada vez mais frequentes, informação de clima virou insumo de produção. O Canal Rural entendeu isso cedo e passou a levar ao produtor previsões, análises e alertas que ajudam a mitigar perdas e a planejar melhor o calendário agrícola. Em muitos casos, é a diferença entre perder a lavoura e salvar parte da produção.
Mas houve outra frente em que o Canal foi, e continua sendo , fundamental: a defesa da preservação e da segurança sanitária do Brasil. Ao longo desses anos, o canal nunca tratou de forma leviana temas como febre aftosa, influenza aviária, PSA, ferrugem, pragas quarentenárias ou exigências de mercados internacionais. Pelo contrário: ajudou a informar o produtor sobre protocolos, vacinação, barreiras sanitárias, rastreabilidade e boas práticas. E fez isso porque sabe que a sanidade é patrimônio estratégico do agro brasileiro. É ela que garante mercados abertos, preços melhores e respeito lá fora. Sem sanidade, o Brasil perde competitividade. Sem comunicação sobre sanidade, o produtor fica exposto.
Em todo esse tempo, mantive meu trabalho com a mesma postura: me posicionar a favor do agro nas questões essenciais. Nem sempre foi confortável. Houve momentos em que fui questionado por representantes do governo, por setores que não compreendiam a realidade do campo ou que encaravam o agro apenas pela ótica fiscal ou ideológica. Mas sigo firme no propósito: defender quem produz, quem gera riqueza e quem alimenta o Brasil, porque esse é o lado certo.
O Canal Rural também escolheu esse lado. É mais que um veículo; é uma trincheira de informação. É o espaço em que o produtor é tratado como agente econômico estratégico, e não como figurante. É o lugar onde se explica ao país urbano que o agro moderno pode, e deve, produzir preservando, cumprindo regras ambientais e sanitárias, mas sem ser criminalizado.
Por isso, ao celebrar os 29 anos do Canal Rural, celebramos também um modelo de jornalismo que acompanha a tecnologia, dá previsões de clima, orienta sobre sanidade, fiscaliza políticas públicas e, ao mesmo tempo, mantém o pé no chão do produtor. Poucos veículos conseguiram fazer esse equilíbrio.
Nesses 29 anos, o Canal não apenas contou a história do agro brasileiro. Ajudou a escrevê-la. E é uma honra dizer: eu estava lá. É contínuo.
*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural
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