No último Soja Brasil, a comercialização da soja foi um dos destaques do episódio. Com o plantio praticamente no fim em todo o país, além do acompanhamento do desenvolvimento das lavouras, cresce a preocupação com a venda da safra. Para analisar esse cenário, o Soja Brasil convidou Rafael Silveira, analista da Safras & Mercado, que participou do debate sobre o tema.

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Silveira iniciou explicando que novembro foi marcado por alta volatilidade, principalmente na Bolsa de Chicago. “Nós tínhamos ali uma tensão do mercado sobre China e Estados Unidos, mas tivemos a China, a princípio, fechando um acordo com os EUA para buscar a soja americana, com uma expectativa de 12 milhões de toneladas até o final do ano”, afirmou.

Ele destacou que esse cenário acabou elevando bastante as oscilações dos contratos em Chicago, que saíram dos níveis de US$ 11 por bushel e chegaram a testar patamares de US$ 11,50.

Segundo o analista, esse movimento trouxe pressão sobre o mercado. Paralelamente, os prêmios no Brasil também se ajustaram bastante para baixo, corrigindo parte da alta externa. ”No mercado doméstico, até tivemos picos de preço, mas logo após já começou a corrigir, mantendo certa estabilidade sem altas muito agressivas até o momento”, explicou.

Silveira reforçou que esses movimentos estão ligados ao câmbio, ao clima e às relações entre China e Estados Unidos, especialmente às variações políticas. Outro fator que trouxe incertezas foi a falta temporária dos relatórios semanais de vendas dos EUA, em razão do shutdown no país. “Tava meio que todo mundo às cegas”, observou.

Com a retomada da divulgação e após o relatório do USDA de novembro, ajustes importantes foram incorporados às projeções de safra americana. Daqui para frente, segundo o analista, ainda devem influenciar o mercado os movimentos cambiais, o comportamento da Bolsa de Chicago, a demanda chinesa, os prêmios nos portos e as expectativas para a produção no Brasil e na Argentina, que já avança com seus trabalhos de plantio.

Replantio ocorre em regiões, mas safra deve ser boa

Questionado sobre o que se pode esperar para dezembro, Silveira comentou que o replantio observado em algumas áreas do país está diretamente ligado ao clima. “Nós tivemos algum atraso para chuvas, principalmente na região Nordeste. Demorou para normalizar o retorno das chuvas”, explicou. Ele citou também atrasos de plantio em Minas Gerais, recuperação mais recente em Goiás e problemas climáticos pontuais no Paraná.

Mesmo assim, a expectativa geral é positiva, “No geral, ainda esperamos uma safra muito boa, um clima que pelos mapas está se desenhando favorável”, pontuou.

Comercialização está muito atrasada

O analista afirmou que a comercialização da safra está muito atrasada em comparação com anos anteriores, um ponto de preocupação dentro da Safras & Mercado. Para o ano que vem, a expectativa é de uma boa safra de soja e de melhor estoque de passagem, o que tende a trazer um viés negativo para os preços no primeiro semestre.

“Se o produtor não estiver bem comercializado, sem antecipação de fluxo de caixa e previsibilidade, pode acabar sofrendo bastante nas margens, porque os preços podem recuar bastante no primeiro semestre do ano que vem”, alertou.

Orientação ao produtor: avançar nas vendas

Sobre a postura dos agricultores neste fim de ano, Silveira reforçou que muitos produtores seguem esperando preços melhores. ”É importante o produtor avançar mais na comercialização, fixar sua soja, olhar as travas em Bolsa e pensar em previsibilidade, fluxo de caixa. Não ficar com soja disponível, pouco comercializada, para lá na frente encarar um cenário que deve não ser muito favorável para preços”, concluiu.



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